Russas é um município brasileiro localizado no estado do Ceará, na
região do Baixo Jaguaribe. Situa-se à 165 km da capital Fortaleza, tendo
como principal acesso a BR 116. A cidade constitui um dos mais
importante centros populacionais e econômico do Vale do Jaguaribe. É
conhecida como a “Capital do Vale do Jaguaribe”, “Terra da Laranja
Doce”, “Terra das Telhas Vermelhas”, e “Terra de Dom Lino”.
Origem Militar
As terras que viriam a constituir o atual município de Russas eram
habitadas por tribos indígenas até a chegada dos primeiros colonos, por
volta de 1690, oriundos da capitania de Pernambuco e de Portugal. Em
1695, o governador da Capitania de Pernambuco ordenou a construção de
uma pequena fortaleza no curso baixo do Rio Jaguaribe, onde hoje se
localiza a cidade de Russas. Esta fortificação, que recebeu a
denominação de Forte Real de São Francisco Xavier da Ribeira do
Jaguaribe, foi o embrião da cidade. Foi erguido numa época em que os
povos indígenas do Ceará se encontravam em luta contra a presença
portuguesa na região,a chamada Guerra dos Bárbaros. Palco de massacre de
índios residentes na região, o forte foi destruído em 1705 durante uma
rebelião dos detentos, que atearam fogo na edificação. Após sua
destruição, o governador da Capitania de Pernambuco propôs à Coroa
portuguesa a extinção deste forte, considerando terem os indígenas
deixado livre aquela área, perdendo o forte a sua finalidade.
Forte Real de São Francisco Xavier da Ribeira do Jaguaribe de aproximadamente 1695 – 1705
Fonte da foto: Hider Albuquerque
Crescimento com a criação de gado
A economia local se expandiu baseada na criação de gado. Iniciou-se
com o núcleo militar São Francisco Xavier, que segurava 150 currais de
gado, e depois consolidou-se como entreposto dos vaqueiros que traziam
gado do interior para vender no porto de Aracati na época do ciclo da
carne de charque no Nordeste.
Entre os criadores, se destaca Teodósio Gracismão de Abreu, que
recebeu sua Sesmaria em janeiro de 1681 e foi o doador de meia légua de
terra em quadra para patrimônio da Igreja, onde foi erguida a Paróquia
de Nossa Senhora do Rosário das Russas. A construção da igreja se
iniciou em 1707, sendo a mais antiga do estado do Ceará. No ano de 1712 o
Vigário de Russas, que já detinha o poder espiritual, passou a acumular
o poder temporal, quando recebeu o Termo de Curato das Russas. Em 1735,
o Bispado de Pernambuco, ao perceber a crescente riqueza das fazendas
de criação, resolveu dar a administração da paróquia aos Jesuítas, que
eram fiscalizados de perto pelos Visitadores do Recife, sempre
preocupados com os tributos sobre as mercadorias jaguaribanas. A igreja
foi reconstruída com estrutura de maior porte em 1735, agora chamada de
Matriz de Nossa Senhora do Rosário, a mesma que se encontra hoje no
centro de Russas.
Criação da vila em 1801
Desde o século XVIII a população da ribeira do Jaguaribe aspirava por
autonomia política. Em 15 de junho de 1801, o governador da Capitania
do Ceará, Bernardo Manuel de Vasconcelos, ordenou ao ouvidor Manuel
Leocádio Rademaker que transformasse em vila a povoação de Sítio Igreja
das Russas, que ficou conhecida como São Bernardo das Russas. A vila foi
instalada em seis de agosto daquele mesmo ano.
A cidade teve, contudo, a primeira oportunidade de ser elevada a vila
em 1766, durante o governo do ministro português Marquês de Pombal,
quando Carta Régia enviada a Capital da Província em Pernambuco mandava
que se criasse nova Vila na Ribeira do Jaguaribe (Russas). O então
Vigário Manoel da Fonseca Jaime omitiu a ordem aos moradores de Russas,
pois uma vez elevada a Vila, o Pároco perderia metade de seu poder
político, já que ficaria apenas com o poder espiritual. A segunda
oportunidade surgiu em 1799, quando Recife decretou a criação da Vila
Nova de Santo Antônio do Ouvidor das Russas. Mas a documentação foi
considerada inválida, já que neste mesmo ano a Capitania do Ceará se
desvinculava de Pernambuco tornando-se Província.
Desde 1938 a cidade adota o nome resumido que conhecemos hoje:
Russas. A origem do topônimo Russas tem sido alvo de discussão entre
estudiosos da área. Uma das versões populares é de que surgiu em
referência a cor das éguas de um fazendeiro chamado Zacarias do Pedro
Ribeiro, nos primeiros anos do povoamento, que possuía éguas cobiçadas e
vistosas éguas de cor ruça. Os animais se destacavam pela uniformidade
de sua cor encarnada, sendo batizadas de éguas russas (embranquecidas).
Outra possibilidade é de que o nome faz referência à existência no local
de umas pedras brancas de granito com partes pintadas de tinta
vermelha. Existe ainda quem defenda que o nome se originou da
reminiscência sentimental de uma família pernambucana que estabeleceu-se
nesta zona e teria dado ao local o nome da sua terra de origem
localizada no nordeste de Pernambuco.
Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário quando tinha apenas uma torre.
Fonte da foto: Hider Albuquerque
Desenvolvimento da cidade até os dias de hoje
A cidade logo se tornou o centro para onde convergia toda região
jaguaribana. Assim foi primeiramente o núcleo militar (com a Fortaleza
de São Francisco Xavier que segurava 150 currais), centro religioso (com
a construção da Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Russas), centro
econômico, político e administrativo.
Russas é um importante pólo econômico do Vale do Jaguaribe.
Localizada numa região de solo fértil do Vale Jaguaribano, Russas sempre
foi ponto estratégico para o transporte de pessoas e mercadorias. Isso
ocorre por ali ter passado a Estrada Real do Jaguaribe no período
colonial, depois a estrada Transnordestina e hoje a BR 116. Após o ciclo
da Carne de Charque, a economia do município passou pelo ciclo do
algodão, o ciclo da carnaúba, e da laranja. Nos dias de hoje a economia
russana é baseada em movimentado Comércio, prestação de serviços,
Agronegócio (Frutos tropicais com o projeto Tabuleiro de Russas), e
Indústrias. Russas possui grande pólo ceramista, com mais de 100
indústrias instaladas, sendo o maior produtor de telha colonial do
Nordeste. O município é sede de filial da indústria Dakota Calçados,
uma das maiores empresa calçadista da América do Sul, que constitui o
maior empregador da cidade, gerando em torno de 4.000 empregos diretos.
Atualmente, Russas se mantém como pólo militar, com a sede do 1º
Batalhão Militar; pólo religioso com mais de 30 templos católicos,
vários evangélicos, e também outras religiões; pólo
político/admistrativo com as sedes da AmuVale (Associação dos Municípios
do Vale do Jaguaribe), de equipamentos federais (Receita Federal, Banco
do Brasil, INSS, DNIT), e estaduais (CREDE 10, 9ª Coordenadoria
Regional de Saúde, DETRAN, Regional do Baixo e Médio Jaguaribe da
CAGECE); Em breve Russas será também importante centro de ensino
superior, com a expectativa da implantação de um Campus avançado de
Universidade Federal do Ceará na cidade.
Contribuição: Ana Flávia Junqueira